O jogador, surpreso, afirmou que foi traído pelos colegas da seleção.
Tudo começou na véspera da final do Campeonato Mundial de 2006. Sem conseguir dormir, o ponteiro Giba e o levantador Ricardinho tiveram uma longa conversa. No papo, fizeram um pacto: continuar juntos até a Olimpíada de Pequim.
Pacto quebrado em 2007, pelo treinador e pelos "amigos" do levantador.
O que diz Bernardinho agora? "Seria hipocrisia ou pretensão da minha parte falar que um jogador como o Ricardo não faz falta. Claro que faz, mas existem outras coisas que são importantes. Será que a gente conseguiria chegar até aqui do jeito que as coisas estavam andando? As coisas estavam num momento que não dava mais. Alguém tem dúvida disso?"
Eu tenho dúvida. Mesmo os jogadores que "aceitaram" o corte ficaram com aquela arbitrariedade na consciência.
Ricardinho não foi só o melhor jogador da Liga. Ele é um levantador sem concorrência no vôlei mundial e o seu trabalho na seleção fez e faz muita, muita falta. Foi o detalhe que faltou e a dor na consciência que sobrou para impedir o ouro.
Fica a lição, que o próprio Bernardinho admitiu agora: o técnico rebateu a crítica de que teria poupado Bruno (seu filho) nos momentos decisivos. "De forma alguma quis preservá-lo. Ele só entrou aqui em roubada. Poderia tê-lo deixado mais? Poderia. Mas poderia ter feito tantas coisas, certamente vou pensar nisso agora para lá na frente me tornar um treinador melhor."
O vôlei brasileiro sem dúvida deve bastante ao Bernardinho. Mas ele também ficou devendo uma explicação melhor para o corte do Ricardinho. Um problema que parecia pequeno, ocasional, mas foi a diferença entre o ouro e a prata, entre a consagração hstórica e o fracasso de um grupo.
Vale a lição: quando o assunto é grupo, o líder não pode ser dar ao luxo de cometer uma injustiça.