Vejo pessoas sendo enxovalhadas em blogs anônimos (e até em alguns “assinados”), assisto críticas sem procedência e fundamento, leio análises políticas hilárias e absurdas, sem qualquer ligação com a realidade, peças de ficção. Acompanho um confronto de idéias e versões, de fatos e boatos - liberdade é princípio da democracia.
Vanderlei Cordeiro de Lima não conseguiu chegar a Pequim. Entretanto, o Diário de Notícias de Lisboa reservou a ele, na edição de ontem (23), uma bela crônica que alude ao seu heroísmo, histórico e volátil. Como é fácil esquecer as coisas reais e os seus valores, como é fácil esconder a realidade.
O gesto de Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona de 2004 foi um dos maiores momentos olímpicos de todos os tempos e o mais importante e belo que já assisti pela TV. Atacado de forma inesperada quando liderava a maratona, reuniu forças para chegar até o final, superando tudo, a agressão e a ultrapassagem de dois corredores. Quando entrou no estádio olímpico, entrou sorrindo, fazendo aviãozinho, feliz, satisfeito, realizado com a sua chegada e a conquista da sua medalha.
Naquele momento Vanderlei estava sozinho diante do seu tempo e da sua história. Não havia ninguém para dizer a ele o que fazer, o que dizer, e ele revelou toda a grandeza e a beleza do seu caráter, do seu interior. Mostrou toda a dimensão de quem ele era. Por isto, pela simplicidade honesta e infinita do seu gesto, tornou-se um herói olímpico para sempre.
Vejo no Vanderlei valores que construíram a nossa Maringá. Humildade e perseverança, força e respeito, espírito permanente de superação e força de vontade.
Vibrei com a Natália Falavigna, que nasceu aqui e vive em Londrina (vamos dividir o orgulho de tê-la como representante). Lutou muito. Perdeu a chance de disputar o ouro por decisão dos juízes (será que eles acertaram? Acho que não e vi muitos erros na arbitragem do taekwondo nas Olimpíadas). Mas manteve a concentração e conquistou a primeira medalha da modalidade para o Brasil.
Não é fácil ter este espírito de superação, de ir além dos sonhos desfeitos e reconstruir a vitória.
No handebol, não trouxemos medalha, mas estiveram lá Alexandre Moreli Vasconcelos, Leonardo Luis Tezeli Bortolini e Renato Tupan Ruy. Maringaenses representando o Brasil, em modalidade que tem avançado no Brasil, em grande parte pelo trabalho excepcional feito aqui pela Associação Maringaense de Handebol e gente como Valmir Fassina, Dourivaldo Teixeira e Marcelo Junqueira (que cito como representantes de outros maringaenses importantes para a modalidade).
Maringá, com apenas 61 anos, dá os primeiros passos na formação da sua identidade. Algumas coisas começam a ficar muito claras. O amor pela cidade é um dos nossos valores consolidados. As imagens da cidade, em fotos e vídeo, também são unanimidades.
Feliz a cidade que pode se dar ao luxo de mostrar tanta vitalidade e o carinho de todos. Respeito e sentimentos acima da campanha política são bons indicativos de que Maringá tem um futuro belo e promissor.