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"A vida é exatamente mudança".

*Armando Nogueira

O HERÓI VANDERLEI E O CHULO CORNELIUS

Ferreira Fernandes - jornalista - Diário de Notícias - Lisboa
ferreira.fernandes@dn.pt


As duas perguntas que se seguem não são para especialistas de atletismo. Quem é Vanderlei Cordeiro? Quem é Cornelius Horan? Está aí o que eu queria provar: ninguém sabe (tirando os cinco especialistas de atletismo em Portugal). A não lembrança põe um traço de igualdade entre Vanderlei e Cornelius - uma injustiça.
Agora, outra pergunta: o que aconteceu entre um maratonista brasileiro, nos Jogos de Atenas, 2004, e um ex-padre irlandês? Aí, toda a gente sabe: o brasileiro ia em primeiro lugar num domingo como hoje (último dia dos Jogos Olímpicos), faltavam 6 km e ele levava meio minuto de avanço. Um ex-padre irlandês, useiro e vezeiro nestas cenas que lhe dão fama, saltou-lhe ao caminho, o atleta foi agarrado e empurrado, atrapalhou-se, perdeu tempo, foi ultrapassado, ganhou só o bronze. É, outra vez, o que eu queria dizer: lembramo-nos de um e de outro, a nossa memória voltou a pôr um traço de igualdade entre o atleta, Vanderlei Cordeiro, e o energúmeno, Cornelius Horan. Outra injustiça.
Vanderlei Cordeiro fez de ser atleta a sua vida. Nasceu e trabalhou numa roça de algodão e essa é daquelas coisas que marcam a cara. Um emproado gerente de restaurante fino, mesmo com Vanderlei vestido de Armani, hesitaria em dar- -lhe mesa. Um dia, a televisão mostrou-lhe o compatriota Joaquim Cruz a ganhar os 800 metros nos Jogos de Los Angeles, 1984. "Vou ser isso", decidiu. Campeão. Mudou-se para a cidade mais próxima, Maringá, nome de bela e célebre canção que fala do sonho de um caboclo. Em Maringá, Vanderlei fez pelo seu sonho.
Tornou-se o melhor maratonista brasileiro com o recorde sul-americano numa prova em Tóquio quando com uma passada bateu o português António Pinto. Mas o que ele queria era o ouro que viu ao peito do seu ídolo, Joaquim Cruz. Em Atlanta, 1996, foi 45.º, em Sydney, 2000, uma lesão muscular atirou-o para 75.º. Até àquele domingo de Atenas.
Com 35 anos, Vanderlei sabia que não teria outra oportunidade. A sua cara de bóia-fria - antigamente, no Alentejo, a esses trabalhadores à jorna chamava-se ratinhos - ainda ficou mais humilde e as suas pernas de transportador de sacos ainda mais firmes. Praxiteles não o escolheria para modelo dos seus efebos de mármore, mas os grandes homens são daquela talha. Não sei se Vanderlei ganharia se não tivesse havido a agressão, sei é que aquela vitória ele tinha feito por isso. E não a teve.
Já aquele que se lhe colou à fama (como eu demonstro no início da crónica) não precisou de nada. Nem de ser maluco. Porque de maluco, maluco, ao ex-padre Cornelius Horan basta-lhe o proveito. Ele não senta o cu num fogão quente. Ele, em Atenas, com uma fiança ficou livre no dia seguinte. Vale uma aposta que não aparecerá, hoje (23), na China, país onde se brinca menos com a segurança?
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