Quando vim para Maringá, logo fiquei sabendo do religioso excepcional que padre Robles era (e continua sendo e, desconfio, assim será até quando seu Chefe resolver chamá-lo para prestar contas do que andou fazendo nas bandas de cá deste mundo).
Mas foi gratificante descobrir um homem das letras, que sabe contar histórias, prender o leitor do começo ao fim nos textos saborosos que produz - e que nos deixam com aquele gostinho de “quero mais”.
Admiro o padre Robles, mas sou fã do escritor Orivaldo. E quem me conhece sabe que não sou dado ao elogio fácil, muito menos quando a seara se refere a terreno no qual também ouso dar minhas passadas.
Deveria ser prática corrente reconhecermos os nossos “santos de casa”. Temos o Laurentino e seu “1808”, Dalton com “A Polaquinha”, Alice Ruiz e seus haikais, Leminski (que, distraído, venceu), o “Mez da Grippe” de Valêncio Xavier...
E aqui, pertinho, Recco, De Paula, Assis, Olga Agulhon com seus “Delírios” e o colega Pedriali com seu “livro do Peru”... Além dos bravos que afinam o bico da pena neste Diário, como o Demarchi, o Dias, o jovem Wilame e o Ravagnani (este, quando quer, abandona aqueles escritos áridos e envereda com destreza em textos mais leves e soltos).
São tantos que, com certeza, minha péssima memória certamente causou injustiças por omissão... Entre todos, incluo em meu particular rol - que poderia ser intitulado “Gente que a gente deve ler” - o escritor Orivaldo Robles.
A prática jornalística acabou me empurrando para a crônica. Penso que, para Robles, as únicas limitações estão no espaço para escrever e no tempo de que dispõe para tal. Nas entrelinhas de seus escritos vejo que ele teria o mesmo sucesso produzindo um conto ou romance de maior envergadura quanto o que obtém com suas crônicas, e onde é possível conhecer o homem do qual brotou o religioso.
Sugeri, e a ideia teve a adesão imediata e entusiasmada do editor Jary Mércio, do D+, que fosse criada uma coluna para a publicação ocasional de textos dos escritores aqui da terrinha. Chamada “De Passagem”, ela foi inaugurada pelo próprio Robles, com “Eucaliptos e Abrobreiras”.
Ironicamente, o nome da coluna (nascido em algum canto obscuro da mente de Mércio e onde, desconfio, residem alguns deliciosos textos ainda por nascer) não se refere apenas aos escritores, mas ao próprio espaço em si.
De vez em quando, ao sabor do fluxo das edições, acredito que ela vai aparecer “de passagem” e nos presentear com mais textos de escritores da cidade . Enquanto isso, na próxima semana, aproveito minhas férias para ceder este espaço que há tanto tempo O Diário me oferece - e do qual tenho tanto orgulho - para mais um belo texto de Robles. Aproveitem.
*Clóvis Augusto Melo
Comentário: Bela crônica do Clóvis. Disse bem sobre Orivaldo Robles. Assino embaixo.