Como poderia estar oculto aquele que descreveu os sinais de sua vinda, o que ele próprio estabeleceu? Diante dos discípulos para que não interrogassem sobre a sua vinda Jesus diz: “Aquela hora ninguém a conhece, nem anjos nem o Filho. Não vos compete saber o tempo e o momento” (Mc. 13,32-33).
O Senhor ocultou-nos isso para que ficássemos vigilantes e cada um de nós pudesse pensar que esse acontecimento se daria durante a nossa vida. Ele disse que viria, mas não declarou o momento e por isso as gerações e todos os séculos o esperam ardentemente. Estar vigilantes é a atitude de quem se prepara para celebrar a sua primeira vinda e o dia em que Ele virá definitivamente para julgar a cada ser humano.
O Apóstolo Paulo alerta: “Diariamente estou correndo perigo de morte, tão certo, irmãos, quanto vós sois a minha glória em Jesus Cristo Nosso Senhor....Não se deixem iludir: as más companhias corrompem os bons costumes. Voltai a viver a vida séria e correta; e não pequem. Pois alguns de vós ignoram tudo a respeito de Deus. Digo isso para que sintais vergonha”(1Cor.!5,34).
Viver como se Deus não existisse, passar pela vida como se tudo terminasse aqui constitui a maior vergonha do ser humano. Permanecer vigilantes, significa colocar Deus em primeiro lugar em tudo, pois tudo passa, tudo é vaidade das vaidades. Neste clima natalino onde tudo é luz, tudo é bonito, tudo é colorido, a atitude do cristão passa pelo viver como se tudo isso fosse um sonho. Nós não buscamos a glória presente, mas a futura, como também ensina o Apóstolo Paulo: “Já fomos salvos, mas na esperança.
Ora, o objeto da esperança não é aquilo que se vê; como pode alguém esperar o que já vê” (Rm 8, 24-25). “Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos irmãos na fé. Não desanimemos de fazer o bem, pois no tempo devido haveremos de colher, sem desânimo”(Gl 6,10.9).
Como é bom ser bom, como é bom viver vigilantes, ancorados na Palavra de Deus, rocha firme, inabalável, luz e vida para todo aquele que ouve, crê e coloca em prática. Ninguém vive para si mesmo, “se vivemos é para o Senhor que vivemos, se morremos é para o Senhor que morremos” diz o pregador das nações. Por isso vale a pena viver esse tempo de advento, espera e expectativa que ultrapassa qualquer medo do futuro e garante o valor infinito do momento presente bem vivido. O Senhor veio e virá.
Vigilantes no amor paciente, benigno,, no amor que não é invejoso, que não se ensoberbece, que não se encoleriza, que não suspeita mal; tudo ama, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”(cf. 1Cor 13,4-5), teremos a certeza de merecer a herança de uma eternidade feliz. Vigiai, não cochile, não deixe para amanhã, o Senhor veio, vem e virá!
*Dom Anuar Battisti é arcebispo de Maringá-PR