Logo que chegamos, fomos ao lugar onde estavam trabalhando. Um senhor e a sua senhora ficaram surpresos pela inesperada visita. Pedi que me desse o facão, pois queria fazer a experiência de cortador de cana. Sem duvidar da minha vontade, ela gentilmente ofereceu o cortante instrumento de trabalho e debaixo daquele sol escaldante, consegui cortar algumas canas. O facão não tão pesado, mas devidamente afiado, e que todos manuseavam com uma destreza impressionante, deixou em minhas mãos a marca das cinzas e a experiência inesquecível.
Ás 10h todos pararam para o almoço, na sombra do ônibus, ou no toldo já preparado com mesa e banquetas e até na sombra de guarda chuva. Cada um com sua marmita restabeleciam as forças, para seguir até às 17h. Ao cumprimentar a cada um enquanto almoçavam, percebia alguns envergonhados, outros escondendo a marmita, outros curiosos para saber quem estava chegando àquela hora. Entre alguns sorrisos e olhares desconfiados, nos acolheram com alegria, pediram a benção e que rezássemos para que diminuísse o calor do sol.
Todos contam com o suporte técnico e humano que a empresa oferece desde os equipamentos de segurança pessoal, acompanhamento médico, dentário, assistência social, a garrafinha de suco com sais minerais e vitaminas, necessárias para o organismo exposto ao sol e ao trabalho pesado. Enfim, é um trabalho que exige participação de todos, principalmente de quem necessita desta mão de obra e de quem necessita ganhar o pão de cada dia. Visitando os diversos departamentos da empresa e a própria usina, que estava pronta para recomeçar a moagem, senti que todos, independentemente da função, estavam externando satisfação, alegria e estranheza em receber uma visita em plena segunda-feira.
Almoçamos no refeitório, onde todos os funcionários se alimentam diariamente. Tudo muito simples, higiênico e gostoso. O momento mais importante, dessa visita, foi a celebração da Eucaristia, no galpão do açúcar, com todos os funcionários e amigos que vieram participar deste momento na vida da empresa e da cidade. Com a presença de alguns Pastores Evangélicos, que no final da celebração, bem preparada pela equipe, animada por um ótimo grupo de música, dirigiram a palavra. Realmente marcou uma etapa significativa no caminho da empresa e na vida de todos, desde os cortadores até os funcionários dos diversos departamentos. Como diz o Salmo: “Se Deus não construir a casa, em vão trabalham os seus construtores”. Rendo graças a Deus, por mais uma experiência de vida, na minha vida de Pastor do Rebanho que está na Arquidiocese de Maringá.
*Dom Anuar Battisti, arcebispo de Maringá
