A revista Amanhã, de Porto Alegre, publica entrevista com Joel Malucelli, assinada pelo jornalista Marcos Graciani: O empresário paranaense Joel Malucelli, 63 anos, que abriga sob seu guarda-chuva nada menos do que 44 diferentes companhias, diz já ter aprendido muito com as crises econômico-financeiras do passado. "Sigo minha intuição e procuro aproveitar todas as oportunidades", disse ele no começo deste ano em entrevista exclusiva a AMANHÃ, ainda antes do estouro dos bancos americanos e dos reflexos na economia global. Agora, não está sendo diferente. Ele, que começou sua vida empreendedora como vendedor de chuchus, relata que são três as lições a serem aproveitadas com o cenário atual - e colocadas em prática, obviamente.O primeiro passo é organizar o negócio. Em seguida, eliminar dívidas. A terceira e não menos importante dica é aproveitar as oportunidades. É com base nestes três pilares que o Grupo J. Malucelli está enfrentando as ameaças que têm rondado empresários de diversas partes do mundo. "Uma crise nos força a reduzir custos e tocar melhor ainda os negócios, porém com mais cautela", ensina. "Se todos pensarem assim, passaremos a ter uma economia bem estruturada e sólida no Brasil", defende. Nas empresas do Grupo, a ordem dada é melhorar a gestão centrando fogo principalmente em novos estudos de mercado pós-crise (e também em meio a ela), além de não contrair novas dívidas. Malucelli acredita que, desta forma, conseguirá arrumar seus negócios para os momentos de bonança que virão logo após a tempestade. Para provar que não apenas ensina como também executa, o empresário diz já ter providenciado a recompra de ações do Paraná Banco - empresa do Grupo -, de olho no retorno que deverá vir no futuro.
Apesar do otimismo, Malucelli prevê seqüelas. Mesmo que o governo brasileiro esteja trabalhando com determinação, ele aponta dois erros que evitariam maiores conseqüências. Para ele, as medidas envolvendo o depósito compulsório e do fundo garantidor de crédito beneficiam apenas os grandes bancos, pois eles acabam repassando recursos com taxas extorsivas, prejudicando os tomadores, ao contrário de ajudá-los - como a teoria apregoa. O empresário não poupa críticas às taxas "absurdas" de CDI, que beiram os 140%. Outra falha, segundo Malucelli, está na política de câmbio. "Se o governo tivesse tabelado o dólar por seis meses, teria evitado prejuízos e muita quebradeira", explica.
Visão de longo prazo-Em meio à tempestade econômica, o Grupo J. Malucelli anunciou que está entrando de vez em um novo negócio. Como se não bastassem as dezenas de frentes por onde o Grupo ataca, o mercado de crédito de carbono vai se tornar o mais novo alvo. Recentemente, a corporação fez uma sociedade com a multinacional Carbon Management Consulting e criou a JMalucelli & CMC Ambiental. A companhia paranaense pretende unir seu know-how em energia, construção e financiamento à experiência da CMC, que tem vasto conhecimento em projetos envolvendo obtenção de certificados de crédito de carbono.
A idéia é fazer o serviço completo. O Paraná Banco financiará os projetos, a J. Malucelli Energia entrará como sócia em pequenas centrais hidrelétricas (PCH´s) ou aterros sanitários, e a JMalucelli Construtora será a responsável por executar todas estas obras. "Nosso grupo sempre cresceu focado em nichos. Novamente, estamos fazendo isso ao escolher um negócio ligado ao meio ambiente. É um projeto de médio e longo prazo que nos trará muitos bons resultados", aposta Malucelli. O novo empreendimento não começa pequeno. Nas contas do empresário, a receita prevista para 2009 chegará ao redor de R$ 13 milhões.
